A SOBERANIA DE MACHA
A SOBERANIA DE MACHA
A Soberania é a chave que precisas obter, para adentrar na dimensão onde Macha estás a viver.
Então sentirás o poder equino em ti transmutar…
Liberdade que irá te envolver,
Como os lindos cavalos que estão no campo a correr.
Macha é pura em Sedução
De beleza exótica ela também carrega consigo muitos dons
Ela foi uma brava guerreira e com muita estratégia,
venceu exércitos inteiros em muitas guerras frias.
A amante perfeita que coordena todo o lar,
sendo exímia na culinária, delícias no degustar.
Transcendente do Gênero e com domínio das polaridades,
Ela zela dos cavalos, do gado e de toda pastagem.
Marcha representa a libertação,
dos anseios do ego na nossa dimensão,
E com os quatro elementos ela está a nos direcionar,
para a alquimia da alma,
para o DESPERTAR .
O fogo do espírito,
a sacralidade,
Esplenda Deusa Celta,
arquétipo da mulher guerreira
Que está entrelaçado na minha
e na tua coletividade.
Maxiluz
Macha Mong Ruad (Macha das tranças vermelhas)
A deusa Macha manifesta três aspectos: a fertilidade (humana, animal, e da terra), soberania e guerra. Ela era reverenciada na Irlanda, até mesmo antes da chegada das tribos celtas, sendo possivelmente a herdeira de Macha Alla, ” a mãe da vida e da morte”, dos povos da Ásia Central. Macha (sua pronúncia é Maka), o significado do nome era “campo” ou “planície”. Essa deusa limpava a terra e os obstáculos, os inimigos, e os excessos. Macha era filha do rei Aed Ruad, que governava a Irlanda, alternando com outros dois reis, cada um deles governava um ciclo de sete anos para evitar conflitos internos. Quando seu pai faleceu, Macha (sua única herdeira), quis assumir seu lugar, mas os outros reis não aceitaram por ela ser mulher. Macha então os desafia para o combate e os vence, afirmando assim sua condição de soberana da terra. Depois de Macha reinar por sete anos, os filhos dos reis exigiram que ela entregasse o reino para eles. E Macha afirmou “obtive este direito lutando, e não como um favor”, e ela enfrenta o exercício conduzido pelo seus oponentes. Em outro mito Macha aparece como esposa de Nemed, o dirigente da terceira invasão da Irlanda, demonstrando a sua forte conexão com a terra.
Macha não era literalmente a terra, mas o poder e o impulso que criava espaços e fornecia o alimento da terra. A deusa Macha representa o poder da criação a energia e determinação para sobreviver através da agricultura. A deusa apesar de ter o seu lado benéfico e protetor, demonstra dualidade na sua manifestação como deusa da guerra. No livro “Amarelo de Lecan”, Macha é descrita como um corvo, que se alimenta dos corpos mortos dos guerreiros inimigos. Macha não é associada a transformação e o renascimento da alma, ela é o ponto em que a luz se transforma em escuridão, a vida em morte.
A deusa Macha tem como arquétipo uma mulher poderosa, guerreira, que batalha pelos seus valores, e conseguem sempre vencer seus inimigos, sejam eles visíveis ou invisíveis, muitas vezes essas lutas não são violentas, mas a perspicácia e inteligência, afasta oponentes.
Texto e estudos baseado no livro “As faces escuras da grande mãe”, da autora Mirella Faur.
A Soberania de Macha e o resgate do feminino
“O foco da egrégora de Macha não advém da construção do relacionamento ou do posicionamento do “eu” na relação, mas, antes, surge do movimento oposto: da compreensão do eu e da Soberania nele contida para, a partir daí, o mundo ser construído segundo a expressão de tal poder. Foi a partir dessa compreensão que meu mundo adquiriu nova dimensão… Eis o que descobri graças a Macha, minha deusa-madrinha.
A Soberania é o elemento-chave da essência de Macha. Como deusa protetora dos cavalos, reúne em seu aspecto antropomórfico o simbolismo representativo da principal característica eqüina: a liberdade transcendida a cada momento em que o animal melodiosamente flui no trote macio da pradaria do viver.
As quatro patas em contato com a relva nos lembram a fixação estável no elemento terra, a partir dos pontos dispostos num perfeito quadrilátero, geometria sagrada anímica que revela a pureza em estado bruto daquele animal.
Ao mesmo tempo em que a terra e a matéria são marcas de maior visibilidade no cavalo – além da sexualidade a ela relacionada no aspecto mais ancestral – nunca é demais lembrar a transmutação fortemente presente, pois a busca pela liberdade do espírito traz a velocidade presente no deslocamento e, portanto, os domínios do elemento ar. Aliás, que outro elemento nos lembraria o igualitarismo presente no ar? Afinal, ele expande, tende a ocupar todo o espaço ao seu redor, ampliando sua zona de alcance sem qualquer outra condição que não seja o fluir.
Sem deixar de mencionar a intemperança do elemento fogo, resultado direto do aquecimento produzido pela transformação da energia cinética em térmica ou, para sermos mais poéticas, transmutando, a todo tempo, a junção terra-ar para o afã do fogo que alimenta o espírito: eis a síntese da perfeição eqüina, em sua forma mais bruta! Todos esses elementos formam, portanto, a partir da sacralidade do cavalo, o substrato do mito em Macha.
Toda essa energia imanente da Soberania de Macha é percebida, de imediato, pelo simples fato de Crunniuc não ousar questionar a identidade da mulher que adentra seu lar. O silêncio é a marca devocional que traz ao viúvo a certeza de estar ali com uma deusa, pois Crunniuc a observa, extasiado, entrar na casa, arrumar o local, preparar um jantar e, ao final, levá-lo até o quarto, para selar o encontro sagrado, algo que, para aquela cultura, era cercado de seriedade e ritualismo.
Macha não revela ao viúvo sua identidade, assim como por Crunniuc sequer é questionada em relação aos seus intentos: eis a primeira percepção sobre a Soberania, manifestada na autodeterminação presente na construção de uma subjetividade deídica na cultura e mitologia celta.
A Deusa-cavalo é soberana pelo simples fato de exprimir sua deidade sem a menor submissão a outro ser, pois, realiza suas vontades sem obstáculos ou limites. Ela não se esquece, porém, da mortandade, porque o respeito de Crunniuc àquela figura etérea catalisa a energia de Macha, que gera, com seu calor, tudo aquilo que estava faltando no lar do viúvo: lavoura, gado, lar.
Outro aspecto interessante em relação à expressão de plenitude diz respeito ao silêncio: Macha não revela, em momento algum de sua convivência com Crunniuc, sua identidade. Chega do horizonte – morada dos deuses e limiar entre-mundos – de maneira avassaladora e exuberante e se estabelece adentrando a morada de Crunniuc: para ele, pouco importava a origem daquele formosa mulher porque passou a sentir-se, com ela, mais completo.
Aliás, Deusa apenas se revela ao final, quando, humilhada pelo séquito de Conchobar, rompe o ciclo de convivência com a mortandade. A partir daquele momento, Macha não mais estaria presente entre os homens: o pano de fundo, aqui, refere-se à apropriação da soberania. Como condicionar ou compartimentar a plenitude do ser? A partir do momento que a verdade é revelada, fatalmente viria à tona a cupidez e a ganância humana em relação à usurpação da Soberania, uma possibilidade que não poderia ser suportada pela deusa.
A criação soberana do elemento fogo transmutado está presente no mito tanto na fecundidade que cerca o cavalo, como expressão libertária do ser errante, que, ao mesmo tempo em que se encontra aterrado, transcende a estagnação e alcança vôos nas pradarias da cadência da vida.
A Soberania, assim, não se vincula a um status inflexível, baseado em fragilização e vulnerabilidade da mulher, mas, antes, a um estado livre de ser, na plenitude de nossa expressão como Deusas. Limpar a casa e dar comida aos bois nada tem de opressão, porque, dentro da estrutura celta, o matriarcado revela a primazia da atividade criativa ao princípio feminino (e não necessariamente à mulher: eis a distinção entre sexo e gênero).
Detalhe: Macha, tal qual Morrighu, é apresentada por muitos historiadores, estudiosos e pesquisadores (sim, homens) como detentora de um apetite sexual “voraz”, em contraponto à concepção judaico-cristã de castidade (que sempre embala o pensamento, ainda que inconscientemente)… Essa percepção, apesar de bastante misógina (se for atribuído um sentido de diferenciação de “papéis sexuais” a homens e mulheres) é compreensível ante o movimento histórico de desrespeito, reificação e coisificação do feminino na mulher: daí o resgate da valiosa compreensão de soberania com que vivencio meus ciclos sagrados.”
Texto Por Audrey Donelle Errin.
Muitos artista se inspiraram na sua beleza e Soberania!
Aqui alguns exemplos, sendo que as duas últimas desconhecemos a autoria.